Eu ♥ Esta Música #1

29 setembro C. Vieira 0 Comments

Olá!
Depois de um hiato sem aparecer no Muito Agri... volto com uma música do meu grupinho de amores musicais. Eu gosto muito de ouvir música. Às vezes, me pego pensando que cada momento da minha vida tem uma trilha sonora (que eu apenas descubro depois que o momento passou!)
Mas acho que não sou só eu que percebo o quanto a música nos envolve. Quantas vezes, uma música tocou ao acaso no rádio e nos pegamos lembrando de uma época, um lugar, uma pessoa... e aquilo nos gerou ou uma saudade ou um dissabor pela lembrança, não foi? Enfim, a música é poderosa e nem sequer percebemos o quanto tem importância em nossas vidas. Mas e a tal trilha sonora é casual e acidental? Só às vezes surge e nos inebria ou estraçalha por dentro?
Não! 
Ainda que não dê pra perceber, existe uma trilha sonora em nossa caminhada (não é a arrasadora emocional que falei acima). Pode ser feita de sons rotineiros - a chaleira com água fervendo de manhã, os carros rodando e buzinando, as pessoas conversando pelas ruas, o computador ligando, as teclas do teclado, os talheres nos pratos na hora do almoço, e repete os sons do trabalho, depois, os da volta pra casa, mas, quem sabe, dá pra esperar a hora do rush passar papeando com alguém num barzinho, a chave rodando na fechadura da porta de casa, a porta abrindo e fechando, as coisas caindo sobre a mesa/sofá/chão, a água caindo do chuveiro, a tv e o noticiário/série/filme, o farfalhar dos lençóis ao deitar. Dormiu!...
E será dá para viver apenas com esta trilha sonora cotidiana tendo apenas pequenos momentos incidentais de mudança?
Tecnicamente, daria pois não se precisa de música para se executar tarefas (exceto se o trabalho for na área musical, claro!). Porém, em funções repetitivas não é preciso de música para que ocorra um relaxamento ou mesmo despertar de sentidos.Então, para que a música serve em nossas vidas, no dia a dia corrido em que nos mantemos?
Primeiro, a Música, do grego μουσική τέχνη (musiké téchne), a arte das musas, é melodia, harmonia e ritmo. Melodia é aquela coisa que fazemos quando lembramos de uma música e a cantarolamos. Os profissionais o fazem lindamente, nós, meros mortais, às vezes, apenas ficamos felizes debaixo do chuveiro (extravasando as raivas e expulsando demônios... e vizinhos... de perto). Não há coisa melhor que soltar a voz com Happy do Pharrell Williams  e descobrir que bater palmas e muito bom. 
Bem, também tem a harmonia que é quando a voz se une a, por exemplo, o violão fazendo a gente perceber o quanto a danada é linda (como em More Than Words e em Photograph). E, por fim, o ritmo. Não preciso falar nada sobre isso pois é o ritmo que dá alma a música. Faz com que percebamos o tempo, velocidade da música (como quando cantamos uma música lenta no ritmo de de um rock pesado). E é isso!
E depois desta aulinha sobre música entro de cabeça na ideia principal  do texto. Este é o primeiro Eu ♥ Esta Música e eu decidi começar com uma que, apesar de ser mais atual, não é das mais preferidas dos fãs da interprete. 

Eu falo de Vilarejo, do álbum Infinito Particular de 2006, da cantora Marisa Monte.

Eu sempre gostei do trabalho da Marisa, mas nunca havia parado para escutar os álbuns "novos" dela (eu amo os primeiros e sou meio difícil de incluir coisa nova no que gosto! :P ). E me peguei ouvindo este que falei inteiro. E me apaixonei pela faixa 2. Ouvi tantas vezes que a única coisa que se parecia com o que ela cantava era a Shangri-la mesmo do livro 'Horizonte Perdido', de James Hilton. A letra da música fala de um lugar no mundo (ou será que não era fora dele?...) em que o paraíso está em que todos terão um lugar e em que o tempo para (Shangri-la?). Onde não há fome, guerra ou qualquer tipo de disputas e todos vivem em paz. Era uma ode ao amor, a paz e a harmonia entre todos. Como não se apaixonar com a inspiração utópica de um plano onde vivemos em uníssono e conectados verdadeiramente. Onde crianças crescem com saúde, livres para se divertirem...
Então, (curiosa para saber mais sobre a música) eu busquei o clipe...
Foi um baque muito forte perceber que a música era uma reflexão absoluta sobre o mundo em que vivemos. Difícil prestar a atenção na letra e não se comover com cada imagem de dor e sofrimento que o clipe apresenta. Quando Marisa Monte cita Palestina e Xangri-lá, ela mostra os dois extremos, da paz e da dor. E gera duas perguntas que poucos, provavelmente, foram capazes de se fazer:

Por que este Paraíso não pode ser em um planeta tão belo e que tanto oferece a nós? 

E por que esperamos encontrar este "Vilarejo" se somos nós mesmos que deveríamos construí-lo, para todos?

Vilarejo toca numa questão que, em geral, as pessoas não gostam de ligar à música que escutam (porque acreditam que música é apenas para relaxar ou divertir. Nunca para gerar reflexão!...), fala do mundo em que sonhamos  em viver mas que não lutamos para construir. 
Por isso, escolhi Vilarejo como a minha primeira música preferida, pois acredito que cada pessoa mostrada naquela clipe (e cada uma que não aparece nele mas que sabemos que, neste exato momento, passa por todo a sorte de sofrimentos) merece ir para um vilarejo onde o tempo não tem pressa para passar, onde é sempre primavera e as portas e as janelas podem ficar sempre abertas pois não há perigo e a sorte pode entrar. Onde cabemos, venhamos de onde for, trazendo o que trouxermos na bagagem e seremos bem recebidos.

E estaremos em casa...


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