Precisamos Falar Sobre... a Vida

25 abril C. Vieira 0 Comments

Olá, como vai?

Bem, é preciso falar um pouco de o que vem a ser este 'Agri' subespaço do blog. Já há algum tempo, eu penso sobre do que é feita a Vida. Não sou filósofa e muito menos versada em qualquer assunto mais profundo que aqueles que minha mente bola enquanto leio um livro, assisto um filme ou sou obrigada a olhar a paisagem numa das longas viagens de ônibus que faço. 
Não sei bem o que as pessoas pensam quando se encontram em momentos assim, mas eu, como uma uma "boa" ansiosa em nível extremo, costumo pensar na história do livro/filme e em mais uma dezena de assuntos que algo neles me fizeram conjecturar (é, a palavra é esta mesmo!). Porém, às vezes, apenas me atualizar sobre o que acontece pelo mundo já me leva a discorrer, comigo mesma, sobre o sentido da Vida, do Universo e tudo mais; numa espiral ascendente tão intensa que, muitas vezes, acaba em um livro completo - começo, meio e fim - que eu nem sei de onde tirei totalmente a ideia.

Bem, embolando um pouco menos, percebo que o mundo se tornou um lugar Agri demais. Ser um pouco agri como um frango com molho de morango (!) não é errado - quem nunca levantou com o pé esquerdo numa manhã, que atire a primeira chinela no despertador!. 

Mas, aos poucos, passamos a viver, no modo automático, neste estado. É um infinito de azedume, ferocidade e irritação sobre toda e qualquer coisa. O assunto da moda (a política), o novo filme da Marvel/DC, o vídeo-cassete descoberto pelas crianças do século XXI (véio, essa doeu!), a novela (gente, alguém ainda assiste isso? Só 'tô perguntando!), tendências da moda (a pochete voltou?!), biscoito ou bolacha, o trabalho, a faculdade/escola, os relacionamentos cada vez mais vazios, o futuro sempre tão "errado" (de acordo com nosso planos), e por aí, vai.

Assim, nada que nos provoque dor, angústia, tristeza, repulsa, ou tão somente um leve, mas persistente, desconforto é levado a baila pelas pessoas. 
E quando o é, não há a formação de discussão saudável, debate ou conversa qualitativa, que termine em uma compreensão maior do tema, por meio das diversas visões expostas sobre. Infelizmente, imaginamos que somos os detentores da chamada 'Verdade Suprema'. Algum ser soprou no nosso ouvido a sabedoria do Universo e sabemos as respostas para qualquer pergunta e estamos sempre certos sobre qualquer assunto. 
Será mesmo?...

Alguém sabe quais os números que vão ser sorteados na Mega Sena quarta-feira? Dá pra compartilhar?...

Não, não somos perfeitos. Não sabemos tudo. Na verdade, sequer sabemos que vamos martelar o dedo ao invés do prego. Ou que vamos tropeçar no meio-fio ou na bola e tomar o maior tombo. Ou que a porta vai fechar na nossa mão. E eu estou pegando leve. Não sabemos quando seremos demitidos, se vamos engravidar (querendo ou não querendo mesmo!), se vamos conseguir concluir a faculdade/pós/mestrado/doutorado/ensino médio, ou o mais sério dos talvezes, se não vamos morrer daqui há um minuto e tudo o que foi falado aqui nada valerá, então.



Mas é assim que vivemos, jamais falando sobre o que é Agri nas nossas vidas. A morte um dos mais, com certeza. Mas, no fundo, sempre precisando tocar neste ou naquele assunto.

Daí, a ideia louca que tive de que alguém mais gostaria de papear sobre o que não queremos falar. Por que falar, então, sobre o que as pessoas preferem fingir que não está acontecendo, empurrar para debaixo do tapete ou deixar com os outros a busca por uma resposta - ou ao menos a criação de perguntas.
Porque é este o sentido que talvez possamos dar às nossas vidas.
Não o de tocar nas feridas, mas o de não fingirmos que não nos vemos sangrando por elas e tentar estancá-las, até mesmo curá-las.
Por isso, Precisamos Falar Sobre...

A ideia, sei que já perceberam, é inspirada no título do livro e do filme homônimo 'Precisamos Falar sobre o Kevin'. É uma ficção tratando exatamente sobre um dos assuntos mais espinhosos e terríveis em vários países como EUA, Japão, entre outros: como crianças se tornam assassinos. Eu citei dois países porque há um livro que sempre me vem a  mente (relato verídico) de uma família japonesa que descobre que seu filho é um psicopata, mesmo sendo uma criança. Todos estes, os assassinos verídicos, não são criação apenas deste tempo, desta época, mas se uma sociedade inteira prefere não falar sobre, esta mesma sociedade sofre o choque de descobrir estes mesmos "assuntos" espinhosos mordendo-lhes o calcanhar.
Por isso, precisamos falar sobre... porque conversar leva a formação de visões mais claras, mais esclarecidas. Precisamos falar sobre política e economia, mas também de racismo, segurança pública e extermínio. Precisamos falar sobre desenvolvimento, mas também sobre machismo, misogenia, homofobia, o que é o "outro" e se este "outro" não somos nós mesmos.
No final das contas, o objetivo é sabermos se o assunto mais espinhudo não é exatamente este: "nós"; e se ao discutir sobre os "kevins" que não permitimos que ninguém veja, ninguém saiba - ou que todo mundo vê e sabe, mas trata como normal -, nós vamos ou não nos tornar melhores dentro do que somos.
Assim, falar sobre... é conversar um pouco sobre nós. Aprender umas com as outras, uns com os outros, e, quem sabe, melhorar ainda que apenas um pouco o que nos machuca em nós, porque simplesmente não falamos dele.

Vamos bater um papo, então?

Te espero no próximo encontro. E já adianto... é irritante.


Abraços

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